Com a barriga a resmungar pelo pequeno-almoço, fomos a um enorme supermercado onde nos apercebemos que toda a gente estava a comprar comida e bebida para os 2 próximos dias. No supermercado, havia todo o tipo de alimentos, condimentos e bebidas para preparar uma mesa bem recheada com tudo do bom e do melhor.
Depois de falarmos um pouco, chegámos à conclusão que estávamos no sítio certo para fazermos, também nós, as compras para os próximos 2 dias. Não poderíamos esquecer-nos que muitos restaurantes e lojas estarão fechados.
Comprámos uma catrefa de coisas: 1 requintada caixa de sushi set já preparada, não a mais cara mas quase, 6 camarões gigantes para fritar, 2 bagettes (há mais de 15 dias que não comemos pão a sério), manteiga, queijo, margarina, alhos, limão e 12 cervejas de lata :D Ahhh…e um bolo para o pequeno-almoço.
Por volta da hora do almoço, depois de descarregarmos as compras em casa, fomos almoçar Ramen num restaurante “very tipical” onde se escolhe o prato e se paga à entrada numa máquina automática. Para rematar, eu comi umas pipocas de cinema e o Marco um crepe enrolado em cone com gelado e banana :)
Lá para as 19 horas, fartos de ver gente e lojas, fomos para a guesthouse tratar do nosso jantarinho.
Pela noite dentro, comemos o sushi e bebemos cerveja. Já com as 23 horas passadas, quase no ano 2008 (no Japão), decidimos enfrentar o frio e passar a passagem do ano no mesmo sítio que os japoneses, na rua.
Ao chegarmos a uma das principais ruas da cidade, e ainda sem avistarmos o templo que finaliza a avenida, deparamo-nos com uma gigantesca confusão de pessoas numa fila sem fim, com policias por todo o lado a organizar o tráfego de pessoas e o de automóveis.
Por incrível que pareça, todos passámos a passagem do ano velho para o ano novo na fila e, apesar de se fazer tarde, as pessoas continuavam a chegar e a esperar ao frio e em pé pela sua vez de entrar no templo. Até às 7h da manhã o templo esteve sempre aberto.
Pelo que perguntámos e lemos, os japoneses, não dão a importância que nós damos ao dia 31 de Dezembro, ou seja, para eles não existe uma festa que atinge o auge à meia-noite desse dia. No Japão, o dia 31 é apenas o dia de despedida do ano velho, o enterro do ano velho logo, não é motivo de alegria nem grande festa. Apenas é tradição ir-se ao templo, entre as 22h de dia 31 e as 7 de dia 1, dar as boas vindas ao ano novo, comprar talismãs e pedir desejos. Para além disso, é a altura em que a família se junta e se fazem comes e bebes especiais, daí o comércio quase morrer na primeira semana do ano.
Não foi difícil encontrar uma rua que tivesse actividade e, tentando encontrar o templo, acabámos por nos juntar à multidão que tentava entrar no santuário Yasaka-jinja. Foram quase 2 horas ao frio (mais com muito frio mesmo), no meio de uma indescritível multidão (95% japas), que enchia o Choi-dori (Rua Choi) de margem a margem e parecia, literalmente, um rio de gente que corria em ondas em direcção à escadaria de acesso ao complexo do santuário. Tudo estava organizado ao pormenor por dezenas de polícias munidos de megafones para darem instruções à multidão. Nos momentos chave em que devíamos avançar ou parar, criavam um magote de gente numa espécie de “buffer” nos limites da rua que, depois de interrompido o trânsito na transversal, avançava de uma só vez, atravessando a estrada e preenchendo toda a escadaria. Mais um exemplo da típica organização japonesa. O que é certo é que, ao fim de algum tempo na fila, convencemo-nos rapidamente de que seria possível entrar no santuário, coisa que minutos antes nos parecia uma possibilidade remota. Esta é mais uma demonstração da sensação de segurança e de que tudo funciona que o Japão nos dá.
Depois de muitas fotos pelos vários pequenos santuários dentro do complexo do Yasaka-jinja voltámos para casa, gelados mas contentes.
Fartarmos de festejar o ano novo à maneira japa, interessante e engracado :)
Fomo-nos deitar tarde como o caraças e dormimos até acordar ;)
Inicialmente tínhamos planeado qualquer coisa para o primeiro dia do ano mas, ao fritarmos os 6 camarões grandes que tinham sobrado, acabámos por fazer um almoço prolongado, juntamente com o rapaz japones que trabalha na recepção da pousada. Contrariando os hábitos japoneses, passámos um par de horas a comer camarões, pão com manteiga e queijo e a beber cervejas (os japoneses, e asiaticos em geral, comem muito depressa). No fim da tarde, nem o Soju escapou (bebida por nós trazida da Coreia do Sul).
O rapaz até estava espantado, principalmente comigo, porque demorei uma eternidade para comer 2 camarões e quase uma bagette. Comi tanto que acabei por ficar com os copos :P
Por volta das 20h, fomos convidados para ir jantar a um restaurante japonês com o rapaz que trabalha na nossa pousada e com um casal de turiastas, ela japonesa e ele mexicano.
Isto de ir a um sítio com pessoas que o conhecem e o recomendam tem outra piada. O restaurante era realmente excelente! Pedimos um pouco de tudo para provarmos. Havia sopa de peixe, sopa de ameijoas, tempura (vegetais, peixe e marisco panados), sashimi, sushi, sashimi com ovo cru, etc… Tudo acompanhado com sakê quente (quase a ferver). Heheheh…
Saímos todos de lá com os copos e a rebentar pelas costuras :) Que delícia! Não podíamos ter começado melhor o ano, ou seja, a fazer nenhum…
Para rematar, ainda nos levaram a um bar onde estivemos de conversa a contar experiências e vivências.
No fim do dia, quando voltámos ao nosso quarto zen, apercebemo-nos de que não fizemos nada, de que não passeámos nem visitámos nada mas, tivemos um dia bastante divertido e tipicamente japonês.
Com tanta coisa diferente do que estamos habituados, nem desejámos bom ano, nem comemos passas, nem bebemos champanhe, nem ouvimos a 12 badaladas… Mesmo sem termos tido nada destas coisas, acredito que o novo ano será ainda melhor do que o que passou e que muitas coisas boas irão acontecer :) Farei por isso!
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